Artista sulbaiana lança esculturas de cerâmicas com até 5 metros de altura
A coleção “Homens de Barro” é um conjunto de esculturas figurativas primitivas que representam poeticamente o protótipo de um ser de muita força. Desenhadas pela artista plástica brasileira Selma Calheira, no seu ateliê que fica situado na sua terra natal, na pacata cidade de Ibirataia, Sul da Bahia, em um pedaço do mundo abraçado pelo verde de uma mata fria e sombria preservada pela floresta do ‘fruto ouro’, o cacau, essas figuras retratam uma história fictícia de pessoas simples e corajosas que, apesar de muitos contratempos, encontram na terra a força para continuar prosperando. Honesta em seus materiais, cada escultura única de cerâmica é feita à mão usando pigmentos naturais criados pelos núcleos da Terra, ou estúdio “Cores da Terra”, e cada uma tem sua própria forma e tamanho.
Fornecendo trabalho para mais de 100 artesãos, esse coletivo de arte e economia criativa tornou-se conhecido por desenvolver e educar artesãos locais por meio de um projeto social consolidado, contribuindo para o desenvolvimento econômico e cultural de uma região castigada pelo declínio da produção do cacau, motivado pela crise da vassoura-de-bruxa. Desta forma, as figuras assumem uma escala maior, pois são mais que esculturas artísticas, mas um meio para melhorar as vidas de seus criadores. Através de sua aparência textural e forma simples, a coleção “Homens de Barro” traz um elemento envolvente de design e narrativa, que pode ser sentido por qualquer pessoa quando se depara com esculturas gigantes.
A coleção faz parte de um projeto audacioso que envolve a participação da comunidade local, convidando-a para refletir sobre a ligação do homem com a terra e oferecer soluções para os problemas advindos dessa relação. Através de oficinas que serão realizadas com crianças da rede pública de ensino, a ideia é estimular a produção de textos por meio de imagens, histórias, músicas e experiências sensoriais com a terra e o barro, sugerindo que eles identifiquem na própria comunidade, nos jeitos de fazer, nas formas de falar, nos saberes e nas práticas, o quanto estão ligados à terra, e através disso apresentem soluções por meio da construção de textos para os problemas discutidos nas oficinas. Contemplando, assim, o caráter dinâmico, pedagógico e não linear da construção da proposta da obra da artista sob o olhar de “pequenos homens”, que darão ‘vida’ e identidade a cada “Homem de Barro” por meio dos textos que serão disponibilizados através de uma ferramenta tecnológica conhecida como QR Code – espécie de código de barras que pode ser lido pelo visitante através de aplicativos para celulares e tablets, oferecendo ao público a possibilidade de interagir com a arte através da tecnologia.
O projeto conta com a Direção Artística de Selma Calheira, Elaboração de Projeto e Produção: Marlos Moraes Tinoco, Pesquisa: Ana Karolina Fontes, Coordenação Pedagógica: Marivane Moraes Tinoco, Web Designer e Foto: Igor Calheira Rzehak e Adelaide Sousa. A etapa inicial aconteceu no último dia 14, com a queima das primeiras esculturas, momento que a argila é transformada em cerâmica através do fogo, dando vida e liberdade para uma coleção composta por 63 peças que tem como objetivo conquistar os grandes salões de arte do mundo.
A “Queima Cultural” contou com a participação de representantes de diversos setores e da comunidade em geral, com uma programação cultural diversificada, com apresentações de músicos da região, quadrilhas juninas e outras manifestações culturais. Contou também com a participação do Observatório Astronômico da Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC, com o projeto “Sarau das Estrelas”, com apresentações músicas, contação de histórias e observação do céu num convite à reflexão sobre o cosmos, e do grupo “Ibirataia No Mapa” apresentando sua gastronomia e seu artesanato. O Evento teve como Parceiros o Observatório Astronômico da Universidade Estadual de Santa Cruz, grupo "Ibirataia no Mapa", a FENABB – Federação Nacional das AABB (Programa AABB Comunidade Ibirataia, com a Coordenação de Viviane Machado), AGIIR – Associação de Gestores de Ipiaú, Ibirataia e Região, ARTE IBIRATAIA – Associação dos Artesãos de Ibirataia, Polpas Sempre Viva e Feira de Economia Solidária e Criativa de Ibirataia.